2ª Sustentabilidade na Construção Civil: Prédios verdes agregam valor nos negócios

 2ª Sustentabilidade na Construção Civil: Prédios verdes agregam valor nos negócios

As construtoras no Brasil começam a perceber as vantagens ambientais e econômicas na produção de prédios verdes. “Estudos comprovam que a velocidade de vendas envolvendo prédios com certificação ambiental tem apresentado um desempenho superior à média do mercado”, afirmou o consultor e diretor da ETRIA Sustentabilidade Integrada na Construção, Jeann Vieira, durante a 2ª edição do Seminário Sustentabilidade na Construção Civil, uma realização do Sinduscon-RS. Segundo ele, a sociedade aceita pagar mais por imóveis que foram construídos sob a concepção de auto eficiência energética, captação e reaproveitamento de águas pluviais, entre outras. Empreendimentos verdes reduzem em até mais de 30% o consumo de energia e o consumo de água, tendo efeitos benéficos também na diminuição de emissão de CO2 e de resíduos, disse o vice-presidente do Sinduscon-RS que coordenou o evento no dia 23 de outubro, Claudio Teitelbaum.

Para Vieira, a sustentabilidade é um aspecto que deve estar dentro da estratégia de crescimento, diferenciação e permanência das empresas no mercado. Lembrou que no caso da construção civil, prédios verdes têm ganhado benefícios, que interferem positivamente nos negócios, tais como créditos especiais, agilidade no licenciamento e incentivos fiscais em alguns municípios brasileiros, além de uma maior visibilidade na mídia espontânea. O consultor que abordou as certificações ambientais hoje mais praticadas no mercado internacional e nacional, salientou que o setor precisa se preparar para legislações que estão sendo desenvolvidas e que exigirão medidas ambientais. “Isto já vem acontecendo nas licitações federais realizadas pelo Regime Diferenciado de Contratações- RDC”, reforça.

A concentração de Gases de Efeito Estufa na atmosfera foi tema abordado pela consultora e engenheira química ambiental, Nicole Celupi. No final do século 21, espera-se que globalmente a temperatura aumente 4ºC a mais que no século 20. O nível global do oceano irá crescer cerca de 0,59 metros. Segundo projeções do IPCC, em 2080 3,2 bilhões de pessoas não terão acesso à água. Com as mudanças climáticas e escassez de recursos naturais, é preciso a mobilização de todos. “Nos próximos anos, aguarda-se a implementação de um ambiente regulatório, afetando o conjunto da economia nacional e, principalmente os setores que causam ou que sofrem maiores impactos em relação às mudanças climáticas. Entre esses, está à construção civil”, afirma. Sob este aspecto destacou que a norma ISO 14064:2007 – Gases de Efeito Estufa (GEE) vem demonstrando resultados significativos na redução e neutralização dos GEE e que aplicando conjuntamente com a ISO 50001:2011 pode contribuir para aumentar o desempenho da gestão de energia nas empresas e minimizar os impactos ambientais oriundos de suas atividades, produtos ou serviços. Um estudo realizado pelo SindusCon-SP, resultou na publicação de um guia, que fornece subsídios para a elaboração de normas e legislações relacionadas às metas de redução de emissão de GEE pelo setor da construção civil previstos na Política Nacional e na Política Estadual de Mudanças Climáticas.

O Encontro foi finalizado pelo arquiteto e consultor Marcelo Nudel, líder da equipe de sustentabilidade da empresa de engenharia de projetos Arup. Com pós- graduação em Arquitetura Sustentável pela Universidade de Sydney (Austrália), Nudel ressalta que conforto térmico e boa qualidade de iluminação natural são características pouco concretas para alguns no momento da comercialização de um empreendimento residencial. “Em geral, as pessoas só percebem a qualidade do desempenho após um ciclo anual de ocupação, quando são expostas às diversas condições climáticas. Projetos concebidos sem essas preocupações irão oferecer condições pobres de ocupação e alto consumo energético, com calefação, condicionamento e iluminação artificial para compensar o baixo desempenho ambiental”, afirma. Para ele, a concepção arquitetônica deve ser adequada e inserida no clima local: “A Arup tem auxiliado arquitetos e incorporadores a conceber seus projetos a partir dos princípios básicos da arquitetura bioclimática, produzindo edifícios verdadeiramente adequados ao clima em que se inserem”, concluiu.

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